FILOSOFIA PARA PORCOS

 

APRESENTAÇÃO  

 

A ideia de uma filosofia para porcos nasce de uma multiplicidade de problemas. Mas, em razão de síntese, nós destacamos os quatro pontos a seguir:

Primeiramente, queremos fazer filosofia para não-filósofos, romper as supostas fronteiras entre as diferentes criações do pensamento. Nosso modelo não é o território da academia platônica, é a desterritorialização do conhecimento swartziana[1]. Isto é, forçar a filosofia a produzir outros territórios, ocupar onde não ocupa, invadir onde lhe é impedido. A filosofia, nós aprendemos desde os gregos, se dá no mundo, nasce do encontro do pensamento nesse mundo. Dialoga com aquilo que todo mundo vive. Mas é também uma atitude crítica[2] neste mundo. 

 

E se queremos romper fronteiras, a primeira a ser rompida é a nossa, que nos isolam do mundo num antropocentrismo destruidor das mais diferentes formas de vida. Nosso ponto de partida são os mundos-próprios, os diversos Umwelten de todas as coisas que, de alguma forma, consideramos vivas – a célula, o carvalho, o homem, a cidade, a terra. E então: por que não uma filosofia para porcos, rinocerontes ou samambaias? Não uma filosofia dos animais, dos vegetais, das células ou dos cristais; mas uma filosofia que os incluam. Escrever-grunhido, escrever-latindo, escrever-relinchando, escrever-mugindo, escrever-cristalizando. Pensar outras formas de expressão, mudar as formas de significação. Gostamos daqueles estudos que trazem uma nova perspectiva das nossas relações com os sistemas viventes, uma nova lógica do vivo. Nós devemos criar novas condições de possibilidade de nossas experiências! Só assim, parece ser possível questionar a nós mesmos, o que somos e o que poderemos ser.

 

Por que o porco? Os personagens conceituais sempre foram uma ferramenta filosófica, seja o Sócrates de Platão ou o Zaratustra de Nietzsche. O porco, no nosso caso, não é diferente. Poderia ser o Coiote, o Polvo ou o Tigre de Borges; contudo, os porcos, para nós, são símbolos de animalidade mas também de perversidade: das formas de produção econômica, do confinamento produtivo do humano-porco do porco-humano, dos laboratórios de produtos estéticos, dos experimentos científicos, da indústria tóxica da moda… os porcos somos nós mesmos.

 

Não somos os primeiros em pensar uma “filosofia para porcos”. Não somos originais, só queremos dar continuidade a esses pensamentos, fazê-los ressoar a mais campos. Podemos encontrar explicitamente o termo filosofia para porcos no livro Vida capital, ensaios sobre a biopolítica[3] de Peter Pál Pelbart. É daí que a gente rouba a expressão. Outro livro que faz referência a relação entre nós e os porcos é o livro de Gilles Chatêlet, Viver e pensar como porcos. Nesses escritos encontramos uma proposta filosófica que pode se estender além dos porcos e se multiplicar não só a mais animais, mas a todo tipo de vida que não é humana.                                                                                         

                                                                           

[1] Trata-se do garoto Aaron Swartz, figura exemplar desta desterritorialização.

[2] Criticar para nós é subverter o espanto sobre nós mesmos e sobre o mundo em criação.

[3] No livro o apartado se chama filosofia para suínos. Pelbart, Peter Pál, Vida Capital: ensaios de biopolítica.

 

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Ana Carolina patto

profesora e pesquisadora

Me formei em História. Nas sortes dos encontros, encontrei a filosofia em 2007 e a paixão só cresceu de lá para cá. Gosto muito de filosofia contemporânea, pensamentos anti-capitalistas, e renovações epistemológicas  que questionam as fronteiras entre nós e o mundo. A filosofia que eu levo no coração é a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Gosto de viajar, pra onde seja. Gosto de um bar, cheio de amigos. Vivo hoje no México, onde fiz a pós-graduação em Filosofia e atualmente dou aulas de filosofia e história da cultura (UNAM).   

Luiz fernando proença

Professor e pesquisador

Me formei e ainda estudo Filosofia, mas sempre amei o mundo animal, vegetal e mineral. E foi com o filósofo Henri-Louis Bergson, filósofo de cabeceira, que este encontro se deu. Hoje em dia pesquiso o grande e desconhecido filósofo/biólogo contemporâneo estoniano Jakob von Uexküll e me interessa a inter-relação entre organismo, técnica e vida. Sou também membro do Grupo de Pesquisa em Epistemologia histórica das Culturas Científicas (GPECC) da FFLCH-USP, coordenado pelo filósofo Mauricio de C. Ramos. Vivo em São Paulo.